Em Portugal a fragilidade das políticas públicas de efetivo combate à discriminação racial é flagrante, apesar da crescente visibilidade que a discussão sobre o racismo tem conquistado, resultante, em grande medida, da luta das organizações antirracistas. Persistem na sociedade e nas instituições preocupantes manifestações de um enraizado racismo estrutural que priva as pessoas afrodescendentes, ciganas e de outras comunidades racializadas dos seus direitos fundamentais.
Persistem na sociedade e nas instituições preocupantes manifestações de um enraizado racismo estrutural que priva as pessoas afrodescendentes, ciganas e de outras comunidades racializadas dos seus direitos fundamentais.
Numa pesquisa integrada no programa de investigação Atitudes Sociais dos Portugueses, com dados do European Social Survey que inquiriu 40 mil pessoas com mais de 15 anos, em 20 países, Portugal aparece com o mais elevado índice de racismo biológico (52,9%, contra uma média europeia de 29,2%) e o quinto mais elevado nível de racismo cultural (54,1% para uma média de 44%).
Num relatório divulgado em 2018, o Comité para a Prevenção da Tortura do Conselho da Europa (CPT) reportou que a violência policial e os maus tratos nas prisões são frequentes em Portugal e que as pessoas afrodescendentes, nacionais ou estrangeiras, estão mais expostas a essas violações de direitos humanos. A Amnistia Internacional Portugal tem também alertado para o problema.
De acordo com dados da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), em 2018 registaram-se 860 queixas contra a atuação das forças de segurança, o valor mais alto dos últimos sete anos.
Em termos relativos, as pessoas com nacionalidade dos PALOP estão três vezes mais representadas em profissões menos qualificadas e para esse mesmo tipo de profissões, recebem, em média, menos 103 euros mensais. Têm o dobro da taxa de desemprego e estão sete vezes mais em alojamentos “rudimentares” (INE, 2011). A idade média de óbito dos nascidos nos PALOP é de 74 anos, enquanto para os nascidos em Portugal situa-se nos 78 (INE, 2000-2007).