A estratégia de favorecimento do automóvel individual implica que centenas de milhares de veículos entrem, saiam e circulem no interior das grandes áreas urbanas.
Segundo os Censos de 2011, a população da Grande Lisboa gastava em média 52 minutos a deslocar-se entre casa e o local de trabalho ou estudo, sendo o valor correspondente para o Grande Porto de 42 minutos. Em Lisboa, 54% desta população usava então o automóvel como o meio de transporte para estas deslocações, percentagem mais de 10 p.p. superior à registada nos Censos de 2001. Segundo um estudo da Câmara Municipal de Lisboa de 2018, cerca de 370 mil carrosentram todos os dias em Lisboa. As implicações em termos de emissões de CO2, poluição diversa e desperdício de tempo são muito consideráveis.
Mudar radicalmente esse perfil da mobilidade, dar primazia à escolha e utilização do transporte coletivo, privilegiando o investimento no modo ferroviário é a proposta fundamental que o Bloco apresenta, nas áreas metropolitanas como em todo o país.
Nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto reside 44% da população do país, 2,6 milhões na AML e 1,6 milhões na AMP. Dos restantes 5,3 milhões de habitantes, cerca de 4 milhões vivem em cidades. Em todas estas, o direito efetivo à mobilidade só pode ser universal com base em transportes públicos coletivos. Sem essa transição para uma mobilidade cada vez mais coletiva e mais elétrica, nenhuma meta de descarbonização do país será cumprida.